> jcbnews: O inesquecível Concerto da Independência 1983

JCBNews Documento

Sickos sos saúde entenda porque o SUS corre risco de acabar.

19 de fev. de 2016

O inesquecível Concerto da Independência 1983


Em alguns finais de semana os cariocas e em especial os moradores do Bairro Imperial de São Cristóvão recebiam o Projeto Aquarius. O evento consistia nas apresentações populares e gratuitas de música clássica através da Orquestra Sinfônica Brasileira comandadas pelo maestro Isaac Karabtchevsky. Por João Carlos Barreto.
Só que uma das apresentações, em especial e inesquecível para quem teve a felicidade de estar presente, foi a do Conserto da Independência, na Quinta da Boa Vista, em setembro de 1983. Teve de tudo e foi tão perfeito e deslumbrante que o público não esqueceu. Vamos relembrar:

Naquela tarde de domingo as pessoas que chegavam na quinta, logo na entrada, no lago onde tem os “pedalinhos” um enorme palco com a placa alusiva ao Projeto Aquarius. Mais acima nas imediações do Museu Nacional, ocupando o mesmo gramado, um segundo palco. Na direita, entre os dois palcos, no alto próximo a pista de entrada (no alto, pois a pista fica num aclive e o gramado com os dois palcos ficaram embaixo) um grupo de canhões que ninguém podia imaginar qual a serventia deles.

Pois bem, no meio da tarde, um bom público presente, soldados do Batalhão de Artilharia sediado no Rio ajustavam os canhões. No palco principal movimentação de pessoas com roupas de época caracterizando personagens do império como D. Pedro Primeiro, D. Leopoldina, etc. Também vários músicos e cantores do coral da Universidade Gama Filho, com suas batas nas cores verde e amarela, se posicionavam próximo a orquestra.

No palco mais acima, perto do museu, a banda do 1º Batalhão de Guardas (Batalhão do Imperador) se posiciona para sua importante participação no evento. Afinavam seus instrumentos musicais.

A coisa foi tão bem elaborada e posicionada que o palco principal ficou na parte mais baixa da área gramada, a banda do 1ºBG na parte mais no alto do espaço e os canhões perfilados na parte mais alta a esquerda de quem esta de frente para o palco principal. Caixas de som espalhadas na lateral.

Ou seja, o público ficou sentado na grama, bem no meio dessa organização. O grande show tem início no palco principal. As pessoas atentas ouvem o Hino Nacional, tocam músicas clássicas e de autores estrangeiros e nacionais, entre eles Vila Lobos, acompanhados pelo coro com mais de cem vozes da Universidade Gama Filho.

Já com o anoitecer, num determinado momento o grupo de teatro entra e inicia a apresentação, trajando vestes de época ricamente ornadas e detalhadas, encenam a proclamação da Independência, tendo como o ponto alto, o grito do Ipiranga. Todos juntos, atores, coral e publico, catam o hino da Independência. Fogos estouram ao final colorindo o céu do bairro. Várias pessoas eram vistas emocionadas, chorando.

Começo da noite. Chega o ponto culminante e mais marcante de todos. O Maestro Isaac Karabtchevsky, do alto do tablado faz um gesto para o maestro da Banda do 1º BG que está a uns 200m, por trás do público. Vira-se um pouco para a direita e dá um pequeno sinal para o comandante responsável pela artilharia que está posicionado no alto, acima do público.

Inicia-se a execução da Abertura 812 de Tchaikovsky. A Orquestra Sinfônica começa os primeiros movimentos, suaves, que vão encorpando a melodia. A luzes do palco mudando de cores suavemente à medida que a melodia flui.

Aos três minutos o maestro vira-se para a banda do 1º BG e da o sinal para que a banda toque. Forma-se um dueto musical entre a Orquestra e a Banda militar. O público maravilhado olha para frente e para trás, acompanhando a execução e curtindo cada sonoridade, ora a Orquestra, ora a banda, as duas juntas, em encanto.

Ao atingir os 12 minutos da música, o maestro vira-se para a artilharia e dá seu sinal. Os canhões começam a disparar por cima das pessoas. O primeiro tiro de tão alto chega a assustar mas, logo depois, o encantamento. A orquestra tocando, a banda tocando e os canhões atirando. Depois, o badalar de sinos, o som transmitido pelas caixas a toda altura. Lindo, inesquecível!

Ao final, o público desperta daquela grande emoção e aplaude de pé, muitos aplausos e não poderia ser diferente. Ao final, com os últimos acordes, fogos, muitos fogos, e o céu do histórico palco da Quinta da Boa Vista é tomado por cores. Quem já viu o réveillon do Rio pode imaginar.

Nunca, nunca mais na vida vivenciei nada nem parecido. Hoje, posso compartilhar e sinto não a mesma, mas uma emoção ainda maior de poder ter vivenciado isso. Estavam e ainda estão insuperáveis. Parabéns a cada uma das pessoas que proporcionou tudo isso, para sempre. De público, parabéns!!

A Abertura 1812 é uma obra orquestral de Pyotr Ilyich Tchaikovsky comemorando o fracasso da invasão francesa à Rússia em 1812 e a subsequentemente devastação da Grande Armada de Napoleão. A obra é mais conhecida pela sua seqüência de tiros de canhão que é, em alguns concertos ao ar livre, executada com canhões reais.

Fonte: Cultura Clássica.com.br

Ouça a Abertura 812 e imagine o evento.
https://www.youtube.com/watch?v=VbxgYlcNxE8