A Polícia Civil indiciou nesta terça-feira pelos crimes de corrupção passiva e uso ilegal de imóvel público Marcos Massad, presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), órgão responsável pela administração e fiscalização do transporte público e dos terminais urbanos de Goiânia (GO) e região. Segundo a polícia, ele se beneficiou com a venda de pontos de comércio dentro de dois terminais de ônibus na capital.
A investigação começou em abril deste ano após denúncia feita pela ambulante Maria das Dores Borges Campos, que comprou em 2006, no Terminal Bandeiras, no Jardim Europa, uma pamonharia que pertencia à esposa de um ex-sócio de Massad. A comerciante teria pago R$ 30 mil, sendo que parte deste dinheiro foi depositado na conta do presidente da CMTC.
"Ela ficou revoltada quando soube em abril que, após uma reforma no terminal, a CMTC iria impedir o comércio lá dentro, e ela teria pago muito caro pelo ponto", disse a delegada Maria Lúcia de Paula Freitas, adjunta da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra a Administração Pública (Derccap).
A delegada diz que extratos bancários e um comprovante de depósito mostram que foram depositados cerca de R$ 10,7 mil em uma conta bancária de Massad. Maria das Dores pagou R$ 8 mil em dinheiro como entrada, depois entregou vários cheques pré-datados, que eram trocados por dinheiro todo mês, e, por fim, efetuou o depósito na conta de Massad. "Os cheques eram endossados pelo presidente da CMTC. Um inclusive tinha a assinatura dele", disse a delegada.
Durante as investigações, a polícia descobriu que havia uma pamonharia com a mesma razão social (Puro Sabor) no Terminal Padre Pelágio, no Setor Capuava, que pertencia a um tio da esposa de Massad. De acordo com a delegada, esse estabelecimento foi vendido por R$ 38 mil e o presidente da CMTC também se beneficiou com essa negociação. "Ouvimos mais de 30 pessoas neste processo e ficou comprovado que o indiciado se beneficiou com a venda de pontos ilegais de comércio", disse a delegada.
De acordo com Maria Lúcia, além do crime de corrupção passiva, Massad vai responder por desrespeito à Lei de Licitações, já que além de ter cedido os pontos para a esposa do ex-sócio e para o tio da esposa, permitiu que estes pontos fossem negociados. "O processo certo seria haver uma licitação para a cessão destes pontos. Essas pessoas não só não deveriam ter vendido os pontos, como nem deveriam ter estado lá", explica a delegada.
O Terra ligou para o celular de Massad e para o da assessora de imprensa dele, mas ambos não atenderam. Foi deixado recado nas respectivas caixas postais, sem retorno. Em depoimento na delegacia, Massad confirmou a assinatura na parte de trás de um dos cheques e admitiu que cedeu os pontos para dois conhecidos, mas disse que não sabia como explicar o motivo do depósito na sua conta ou sequer porque assinou o cheque.
O inquérito foi entregue na tarde de terça-feira à Justiça, que por sua vez o encaminha para o Ministério Público Estadual, onde um promotor vai decidir se oferece ou não denúncia contra o presidente da CMTC.
Fonte:Terra

