O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, permanece na embaixada do Brasil na capital hondurenha, Tegucigalpa, e ainda não há informações sobre quando ou como ele sairá do prédio da representação brasileira.
Em uma entrevista à BBC Mundo, Zelaya disse que tanto ele como aqueles que o acompanham na sede diplomática do Brasil vivem sob condições de “tortura física”e “ameaças”.
Confira trechos da entrevista.
BBC - Como é a situação na embaixada?
Zelaya - Nós estamos sendo submetidos a tortura física por meios eletrônicos que estão afetando nossos nervos com aparelhos que criaram um problema nervoso para nós que estamos aqui. Eles jogaram gases tóxicos e cercaram a embaixada para limitar apenas a entrada mínima de entrega de comida e serviços públicos. Nós também temos problemas com as ameaças de invasão.
BBC – Como o senhor responderia a uma proposta de Roberto Micheletti para um diálogo?
Zelaya – Isso é falso. Ele não falou sobre nenhum tipo de diálogo. Um de seus porta-vozes apareceu falando isso, mas ele mesmo não disse absolutamente nada. Eu não tenho problema algum com as eleições. Essa não é uma preocupação de meu Executivo. O Tribunal Eleitoral é responsável por isso.
BBC- O senhor ficaria satisfeito em realizar as eleições mesmo que o senhor não possa ser candidato?
Zelaya – Eu nunca me coloquei como candidato (para as futuras eleições). Eu nunca propus a reeleição. Tudo faz parte de uma campanha internacional de difamação. Daqui os meus apoiadores não saem. É o povo que está protestando contra o golpe de Estado.
BBC – Há uma saída para a crise?
Zelaya- A saída seria aquele que usurpou o poder com o uso da força, ilegitimamente, abandonar o poder. As eleições nunca estiveram ameaçadas, nunca foram questionadas. Esse é um grupo ambicioso, uma elite econômica que lidera a economia de todo país, que tem o país atolado na pobreza. E agora eles querem estar à frente dos três poderes do governo. Os responsáveis pelo golpe fazem parte de seis famílias hondurenhas.
BBC- O senhor está em contato com Lula? Existe alguma movimentação para o diálogo?
Zelaya- Eu mantenho diálogo e conto com o apoio dele.
BBC- O senhor fala com Lula?
Zelaya – Claro, com todos os presidentes, todos os presidentes (da América Latina) falam comigo.
Fonte:BBC Brasil
24 de set. de 2009
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