Ontem conversei com um dos fazendeiros que tem terras na
região Kalunga, ele também me e contou como estava a situação em Cavalcante em
relação ao assunto. Não vou citar o nome dessa pessoa, mas em tom tranqüilo ele
me explicou o seguinte:
“Existe um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre as
partes envolvidas na questão das terras no município de Cavalcante”. Na reunião
em que o TAC foi firmado estiveram presente os lideres kalunga, os fazendeiros
e o MP. O termo apaziguaria a situação até que o INCRA indenizasse aos
fazendeiros para saírem das terras. O processo de desapropriação já estaria em andamento.
Segundo o fazendeiro, eles esperam “apenas a indenização,
justa, feita pelo INCRA, pois não querem simplesmente sair da terra sem receber
pelas benfeitorias. Algumas familias adquiriram essas terras há mais de 40
anos, ou seja, mais de três gerações. Com a indenização saindo eles também
deixaram as terras, mas antes, não será possível, pois perderiam tudo.”
“Como as terras em questão estão em processo de
desapropriação, se os kalungas invadirem de alguma forma, segundo a Lei de
Desapropriação, o processo pára e as terras não seriam mais desapropriadas pelo
INCRA, ficando os fazendeiros sem as devidas indenizações para deixarem o lugar”.
O fazendeiro contou sobre o uso de motosserras para destruir
uma cerca e uma choupana, “foi que o proprietário de umas terras próximas ao
Vão Engenho cedeu um pedaço para um kalunga plantar sua roça. A plantação foi
feita e alguns dias depois, além do roçado construíram também uma choupana e as
cercas, temeroso de uma apropriação irregular em seguida, o fazendeiro teria
avisado ao MP e a Polícia que iria destruir a construção e a cerca. O que foi
feito. Essa invasão se concretizada, também poderia causar problemas ao
processo de desapropriação que está em poder do INCRA.”
Com relação à colheita que foi queimada, o mesmo fazendeiro
conta que “uma queimada em propriedade
vizinha, o fogo ficou sem controle, invadiu e atingiu toda a região, queimando
também a referida colheita kalunga. Um acidente que teria sido, inclusive, fotografado
como prova do acidente.”
“Nós nunca tivemos problemas com os kalungas antes, apenas
de uns tempos para cá. Vivíamos em harmonia na região. Agora, mais recentemente,
os problemas estão aumentando. Nós só queremos que o INCRA nos indenize, depois
sairemos sem problemas,” disse o fazendeiro.
Acredito que a paciência, o diálogo seja a forma mais
correta de conter os ânimos na região. As partes deveriam se organizar e juntas
irem buscar no INCRA uma solução mais rápida. Enquanto isso, os dois lados, com
sabedoria, podem continuar convivendo como antes, em paz.
Por
João Carlos Barreto
Goiás
em Notícias.com
Na
foto a beleza da região.

