O poder das trevas chegou à região Kalunga de Cavalcante
através da exploração de trabalho similar ao escravo em alguns lugares, também,
crianças a partir de nove anos já foram estupradas, nessa lista, inclusive,
existe uma senhora kalunga com mais de 80 anos que nem se deu ao trabalho de
registrar um Boletim de Ocorrência, pois seria mais um número em alguma gaveta
qualquer na delegacia local.
Muitas matérias, muitos holofotes para autoridades,
políticos e grupos sociais, mas de pratico mesmo não aconteceu nada, só mídia.
Pelo menos até a redação desse texto.
Apenas o medo continua nas vítimas e famílias que sofrem, muitas buscam
ignorar o assunto – melhor fingir que não aconteceu nada. Algumas chegam ao
ponto de procurar a Polícia e retirar a queixa crime, com medo e com a
impotência de quem não pode lutar contra o sistema. Porém, o silêncio
angustiante delas grita por Justiça, mas ninguém parece ouvir.
“Uma menina entra no mercado, olha uma família feliz, marido
esposa e filhos, classe média, felizes. A jovem negra tenta sumir numa nuvem
imaginária, as pernas tremem, o frio do medo percorre sua espinha dorsal: Ali
está o seu agressivo violentador. Ela foge sem comprar nada.” Isso poderia ser
uma frase de ficção, mas não é. Assim foi um dos relatos que recebi. O encontro
de uma menor kalunga, vitima de estupro, ao ver seu agressor e a família num
comércio qualquer de um dia qualquer. O tempo passa e a justiça vira utopia, se
distancia da realidade, a vítima tem que se acostumar e levar os traumas do
corpo, da mente e da alma. Tudo segue para o esquecimento. Mas não, ainda não!
Hoje é dia da Consciência Negra para muitos afro
descendentes e seus grupos midiáticos que ainda não conseguem enxergar devidamente
o drama das meninas kalungas estupradas, uma luta ainda ser vencida. Parece que
aquelas vítimas são afro marcianas. Que não merecem uma atenção especial para
seu drama, logo elas que nasceram em um quilombo, criados por fugitivos da
escravidão no século passado em busca da liberdade no Centro-Oeste
brasileiro. Só encontram, hoje, outro
tipo de sofrimentos. Só que parece invisível para muitos.
Por que não vão às autoridades judiciárias e políticas ver
como está a situação do processo? Por
que os agressores ainda não foram presos? Por que não vão até aquelas
quilombolas saber como estão passando, convivendo com a impunidade?
Penso que Consciência Negra passa pela defesa de negros
injustiçados e cativos em seus dramas. Consciência Negra de uma liberdade e de
igualdade, mas que ainda não chegou a Cavalcante GO. Um drama mostrado nas
redes sociais, na mídia impressa e em rede nacional de TV. Ponham a mão na
consciência, lembre-se de Zumbi dos Palmares, mas também se lembrem daqueles
quilombolas que continuam nas senzalas do medo e do trauma.
Infelizmente citamos o belo município de Cavalvante, em
Goiás, mas até onde se pode apurar a questão do drama das meninas não passa
pela administração municipal, mas pela Justiça e a Segurança Pública do Estado
de Goiás. Haverá um dia em que a Justiça será feita, os agressores punidos de
acordo com a Lei, aí vamos falar de turismo do belo potencial turístico numa
das mais belas regiões do país. Uma fonte geradora de emprego e renda que
levara prosperidade a todos em geral.
João
Carlos Barreto
Goiás em Notícias.com


