Nem mesmo as novas tecnologias diminuiu o interesse de algumas pessoas pela filatelia, o prazer de colecionar selos. Um grupo de amigos se reúne aos sábados pela manhã, na sede central dos correios, em Goiânia. Ali, os apaixonados pelo hobby e mesmo pela numismática, que também colecionam moedas e notas, trocam experiências, sabem das novidades, incrementam suas coleções ou incentivam novos colecionadores para esse hobby que ainda atrai muitos adeptos.
O filatelista, Eduardo Hugnes Braun (FOTO), belga de nascimento, mas brasileiro/goiano por opção, é colecionador de selos a mais de 50 anos, começou aos 14 ainda na Europa. Ele nos conta que “apesar da tecnologia do e-mail, a correspondência virtual só pode mandar mensagens de texto e/ou fotos. Nos casos de encomendas físicas (objetos) as pessoas ainda vão ter que utilizar os correios. As falhas na segurança virtual constantemente causam violações de computadores, e o imenso risco de se violar as mensagens é bem maior. Já uma carta, pra ser violada, hoje, é bem mais raro que antigamente.”
“A filatelia só sofreu um pequeno baque quando foram lançados os cartões telefônicos, que passaram a ser colecionáveis após a sua utilização nos telefones públicos. Outra situação responsável foi o desinteresse da juventude, tinham outros interesses, isso não foi só no Brasil”. Disse Eduardo.
Com relação aos cartões telefônicos, muitas pessoas ainda se lembram daquela época, quando era comum ver pessoas próximas as companhias telefônicas comercializando coleções inteiras com os cartões temáticos, atualmente ainda se encontram cartões a venda em sites especializados.
Ele informa, ainda, que os avanços da tecnologia estão influenciando o ensino. “Na Finlândia, por exemplo, estão atrasando o ensino da escrita para crianças na alfabetização e priorizando a digitação. Por lá a escrita vem depois da digitação”.
Os primeiros selos surgiram na Europa, meses antes do selo “Olho de Boi”, lançado no Rio, em 01 de agosto de 1843. Países como a Inglaterra lançaram seu selo já em 1840. Na Suíça, em Zurich e Genebra, lançaram selos em 1843, só que meses antes do selo brasileiro.
Um detalhe interessante, segundo Eduardo Braun, é que o filatelista compra o selo, paga pelo produto do correio, mas não utiliza em postagem, o colecionador o guarda no seu acervo. Com isso, os correios lucram mais com a venda de selos através dos valores aferidos e não utilizados nas correspondências.
Os correios lançam milhares de selos todos os anos para atrair os filatelistas e novos colecionadores. A instituição só tem o gasto da impressão das estampas, sem a necessidade do envio das missivas ou encomendas de quem pagou pelo serviço.
Como é um serviço rentável, na Europa atraiu a iniciativa privada, países como Bélgica, Finlândia e Alemanha, por exemplo, os correios são terceirizados. O filão nessa prestação de serviço, não é o trânsito de correspondências em si, mas a filatelia. Na Europa imprimia-se de 60 a 150 milhões de selos por ano, atualmente essa média subiu para 150 a 200 milhões/ano. No Brasil, a impressão de selos é oscilante. De acordo com Eduardo, “na década de 60, por exemplo, emitiu-se de três a cinco milhões de selos. Na década de 70, caiu para 100 e 300 mil. Nos anos 80, com a impressão de novas estampas, os números voltaram a subir para o patamar de um milhão, um milhão e quinhentos. No período compreendido entre 2000 a 2005, a quantidade de impressão caiu novamente. Só que nos últimos anos o número de selos lançados aumentou novamente”.
Uma importante constatação é que quanto maior a quantidade de selos, mais comum eles são, e assim ficam com o valor da estampa bem menor. Outra dica interessante é que selos com defeitos de impressão são raros e caros, e selos ainda colados nas cartas com carimbos mostrando dada de postagem e local são também valorizados.
Com relação aos comentários de que Filatelia é investimento, Eduardo informa que “não seria um investimento, mas um hobby. Um hobby que como outros levam valores a ‘ fundo perdido’.” Ele exemplificou que um filatelista pode ter uma coleção com centenas de selos que valeriam uns dez mil reais, porém, alguém pode ter um, único, selo no valor dos mesmos dez mil, mas são casos raros. “Você pode, colecionando, conseguir selos muito raros, mas é como ganhar na loteria, mas é possível se conseguir”.
Para os que desejam entrar no mundo da filatelia, Eduardo Braun estimula a iniciar uma coleção temática. Bichos mamíferos - por exemplo, nesse universo existem muitas estampas, mas a pessoa deve se especializar e refinar, ainda mais essa opção, buscando por estampas de eqüinos ou bovinos, etc. Depois deve especificar um pouco mais partindo para uma raça em particular, etc.
Em relação ao período de abrangência da coleção, ele recomenda que comprem selos temáticos “a partir de uma data, a data do nascimento do filho(a) até a atualidade. Depois faz o sentido inverso, do dia do nascimento do filho(a) até sua data de nascimento.” Pode ser feito, também, com outras datas que o iniciante ache relevante.
A dica é: Definir o tema para a coleção de selos; fixar as metas (ano de aniversário, data importante); colecionar selos novos, usados, com qualidade boa, picote, sem manchas de ferrugens, pode ser lavado, com marcas de carimbo (dependendo da data e local da postagem do carimbo) e até colecionar os envelopes com dados e o carimbo postado neles.
Quem quiser saber mais sobre o mundo da filatelia e receber boas orientações, basta ir à sede central dos Correios na Praça Cívica, em Goiânia, nas manhãs de sábado.
Por João Carlos Barreto/Goiás em Notícias.com



