Os técnicos da Coordenação Regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Imperatriz (MA), encarregados pelo órgão de apurar informações sobre o caso da criança indígena que foi queimada viva, afirmaram na tarde desta terça-feira que a notícia não passa de "boatos sem fundamentos". Os três especialistas divulgaram uma nota na qual dizem estar indignados com a publicação de "mentiras com requintes de crueldade".
Os funcionários da Funai disseram que o isolamento dos Awá-Guajá limitou o trabalho de apuração do caso. Em Arame (MA), município onde o corpo teria supostamente sido encontrado por índios da etnia Guajajara, os técnicos se limitaram a ouvir indígenas que "pudessem oferecer informações confiáveis a respeito da circulação dos Awá-Guajá pela região". No relatório, afirmaram que, de acordo com um dos líderes Guajajara, tudo não passou de "um boato infundado, uma mentira" e que nunca houve um corpo carbonizado.
"Repudiamos o ato irresponsável de aproveitadores que fizeram os cidadãos brasileiros imaginarem e se comoverem com a cena hedionda descrita (imaginada) com base em boatos sem fundamentos", disseram na nota. "É lastimável que a sociedade brasileira tenha sido ludibriada de maneira tão vil e levada a crer num fato inexistente que não pode ser sequer classificado de brincadeira de mau gosto."
No texto, os técnicos também revelaram ter flagrado um caminhão usado para extrair ilegalmente madeira da terra indígena. De acordo com os especialistas da Funai, o motorista do veículo disse atuar com a autorização dos índios.
Apesar do relatório ter sido divulgado ontem e já estar circulando na internet, a assessoria da fundação informou nesta terça-feira que a direção nacional da entidade ainda está analisando o assunto e não tem uma posição oficial sobre o que de fato ocorreu.
Corpo carbonizado
Na semana passada, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) noticiou em seu site que, segundo líderes indígenas do povo Guajajara, uma criança indígena havia sido encontrada carbonizada em outubro de 2011 e que a Funai foi informada em novembro, mas não tomou providência. De acordo com as primeiras informações divulgadas pelo Cimi, o garoto de 8 anos pertencia a um grupo da etnia Awá-Guajá que vive na Terra Indígena Arariboia.
Ainda segundo o Cimi, o corpo foi localizado pelos Guajajara a cerca de 20 km da aldeia Patizal, próxima ao município de Arame. No local também foram encontrados vestígios de um acampamento recente de madeireiros. As informações fornecidas pelo povo Guajajara, contudo, não puderam ser checadas diretamente porque os Awá-Guajá vivem isolados, impossibilitando o acesso dos missionários. O Cimi, no entanto, garante que o mesmo índio citado pelos técnicos da Funai, Clóvis Tenetehara, foi um dos líderes ouvidos na semana passada, quando o órgão indigenista ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apurava as informações.
Procurado pela Agência Brasil, o Cimi informou que só irá se manifestar no final da tarde.
Fonte: Ag. Brasil/Terra
Editorial: O problema é que os índios arredios não tem registro civil, para o governo e a sociedade urbana eles não existem oficialmente. Por tanto, a notícia pode ser boato, mas pode ser verdadeira como dizem outras histórias contadas por índios que um dia foram arredios. A criança poderia sim ter sido morta e queimada em outubro de 2011, se foi o corpo já pode ter desaparecido na selva ou sumiram com ele, quem vai reclamar ou onde estará? Como não existe qualquer registro da criança, ficam as dúvidas e com elas dificilmente se saberá o que realmente houve. Assim como sempre ocorreu na História do Brasil.

