A chuva forte que caiu no final da tarde de ontem – ou de qualquer outra tarde de chuva - causou novo apagão em Goiânia. Natural, afinal de contas o presidente da Centrais Elétricas de Goiás (CELG), José Eliton, já havia afirmado que isso aconteceria várias vezes.
Como é horário de verão, o sol se põe mais tarde, as pessoas vão para suas casas ainda com dia claro. As empresas fecham dando a impressão que a economia fecha mais cedo. Só que ocorre isso bem no horário do temporal.
Mas reclamar pra quê? Se temos a oportunidade de refletir sobre a vida ouvindo a música de nossa preferência, no ar condicionado de nosso veiculo financiado, no meio do engarrafamento por conta dos semáforos apagados e dos alagamentos.
Curtir o som da enxurrada nos pneus como se ouvíssemos o som das corredeiras de um rio goiano. No lugar de cardumes na piracema, lixo descendo a ladeira.
Chegar no edifício e encontrar os vizinhos na portaria, principalmente os idosos, rodeando a luz do lampião e conversando amenidades, causos e até piadas. Interagindo. Se conhecendo melhor. Como isso é bom!
Os mais novos e dispostos dispensam a academia e se exercitam subindo centenas e centenas de degraus para chegar no “lar doce lar”. Depois tomar aquele banho frio. É verdade comprovada: Subir pela escada e tomar banho frio faz muito bem pra saúde!
E outros, então, que são pegos de surpresa subindo ou descendo dos prédios, tiveram a oportunidade de sentar no chão do elevador e pensar na vida. Fazer planos para 2012 enquanto aguarda a volta da energia ou o socorro do porteiro. Quem sabe bater um papo com outra pessoa presa no cubículo de transporte.
É tão gostoso Goiânia sem energia!
Em casa podemos adiar trabalhos importantes. As famílias se juntam em torno de uma vela acesa para conversar. Quanto tempo a família não se reúne para conversar?
E o jantar a luz de velas, tão propagado como romântico, pode servir de estimulo para realçar os laços afetivos de casais e mesmo fraternais nas famílias.
Ficar sem energia a cada temporal é tão “maravilhoso” que deveria chover muito mais. Devemos agradecer a Deus pela chuva e ao governo pelos apagões. Economicamente é ruim, mas socialmente é muito bom!
João Carlos Barreto
Editor Geral do Goiás em Notícias.com
